Fonte: João Faustino |
2ªf
– Descanso. Estava prevista sessão de reforço muscular e trabalho específico de
glúteos, mas não consegui ter tempo disponível.
3ªf
– Treino de 30’ + 6x1’, realizado entre a meia-noite e a 1h da manhã (foi
quando houve possibilidade), no Passeio Marítimo de Oeiras. Enquanto corria,
muitas memórias desfilaram do tempo em que treinava no mesmo espaço,
frequentemente por volta dessa hora.
4ªf
- Treino tranquilo de 50’. Em semana de descompressão, é só rolar serenamente,
já com a mente em Sesimbra.
5ªf
– Novo treino tranquilo de 45’, na mata do Jamor.
6ªf
– Dia de descanso.
Sábado
– Último treino antes do Ultra Trail de Sesimbra, 30’ a rolar no Passeio
Marítimo de Oeiras.
Domingo
– O dia da primeira prova importante do ano, para mim. Consciente de que a
época está desenhada para alcançar o pico de forma no final de Agosto, pelo que
ainda estou longe da melhor forma, a prova serviria para aferir sobre o meu actual
estado e de como estou a reagir ao treino. Assim, optei por uma estratégia de
corrida, com um princípio de prova mais prudente, procurando aproveitar a parte
mais corrível do traçado nos últimos 20 kms. Pela frente, além da dureza do
percurso, teria um adversário do qual não gosto nada: o calor que se anunciava
nas previsões metereológicas.
Inicío,
às 7h da manhã, estranhamente lento para o habitual, permitindo um grupo muito
numeroso na frente. O segundo quilómetro, um pouco mais rápido, permitiu ir
esticando o grupo antes da saída do alcatrão e do ataque à primeira subida. Após
a subida da pedreira, em estradão, entrada num trilho técnico, a descer, que
nos leva até à Ribeira do Cavalo e que nos dá o mote para o que nos espera até
ao cabo Espichel. A partir daí um constante sobe e desce ao longo da falésia,
com uma paisagem absolutamente maravilhosa. Apesar de sentir que não estou num
grande dia, vou percorrendo os quilómetros a um ritmo aceitável (para os meus
padrões), muito ajudado pela beleza natural do percurso. De facto, sou um
corredor diurno, gosto de contemplar a paisagem onde passo, muitas vezes fonte
de energia e motivação e num local assim é impossível não as sentir. Após a
primeira hora de prova, já começo a sentir o calor e ainda são 8h da manhã… Um
pouco depois, o percalço da prova numa parte mais técnica, onde apoio mal o pé
esquerdo e dá-se uma torção. Sinto dor, avalio rapidamente a situação e concluo
que dá para prosseguir. O percurso vai castigando toda a parte muscular e
articular e o calor vai provocando um desgaste nem sempre plenamente perceptível.
Passagem pelo 1º posto de controlo (junto à capela), farol e santuário.
Continuamos a percorrer as arribas, sempre junto ao mar, mas desta feita já em
direcção norte. Mais à frente esperava-nos uma alteração ao percurso, com a
substituição do areal do Meco por um caminho paralelo à praia, mas que se
desenrola na arriba. Do meu ponto de vista, gostei mais de fazer esta
alternativa, embora reconheça que tornou o traçado um pouco mais duro e mais
longo, pois implicou correr na mesma na areia solta, mas com desnível associado
e nem sempre em linha recta. O tornozelo esquerdo cada vez se queixava mais,
sendo especialmente dolorosos os impactos sofridos nas descidas. Após a saída
do Meco, continuou o terreno arenoso, mas desta feita quase sempre em subida,
embora com a vantagem de apanhar alguma sombra providenciada pelo pinhal que
atravessávamos. Chegada ao 2º controlo, este electrónico. Nesta fase, os
quilómetros acumulados (cerca de 32/33), a dureza do percurso até ali e o calor
existente, começou a fazer efeito. O terreno deixa de ser técnico, permitindo o
aumento do ritmo, embora o facto de ser maioritariamente a subir, de começar a
acusar o desgaste e do pé cada vez me doer mais, não tenha conseguido impor o
ritmo que tinha antecipado. Afinal estava a fazer uma Ultra (não costumo
considerar Ultras, provas que tenham distâncias próximas da maratona, mas esse é
apenas o meu critério) e como é normal em provas Ultra, tinha chegado a fase da
luta, a fase em que todo o nosso corpo nos diz para parar e temos que o obrigar
a seguir em frente. No entanto, apesar das dificuldades, nunca me passou pela
cabeça considerar a desistência, o que é um bom indicador sobre a força mental
e motivacional em que me encontro. Passagem na pedreira, com a sua
característica paisagem desolada, que se transforma facilmente num forno num
dia quente. Sabia que tinha pela frente uma descida ao vale, seguida da última
subida da prova, ao Castelo de Sesimbra. Sofro bastante nessa descida, o
tornozelo queixa-se fortemente e não consigo ter o ritmo habitual. Recupero um
pouco o ânimo na subida ao castelo, onde está situado o 3º controlo. A partir
daí é a descida para a vila e para a meta. Descida esta, que se transformou na
parte mais dolorosa da prova, tendo sido ultrapassado pelo João Faustino, que devia
ir ao dobro da velocidade a que eu me deslocava, mas a meta já se sentia e lá
veio a motivação para os últimos quilómetros.
Acabei
por não fazer o tempo que previa, que seria por volta das 5h, mas adorei a
prova. O percurso é fabuloso, correr naquela paisagem é um privilégio, mais
ainda quando a organização da prova esteve, do meu ponto de vista,
irrepreensível, quer na marcação, quer nos abastecimentos, quer na simpatia com
que recebe os atletas (eu sei que sou suspeito).
Dados
da prova:
Tempo:
5h25m26s
Classificação:
18º da geral
Distância
total: 51,4 kms
Parabéns e rápida recuperação do tornozelo!
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